quinta-feira, 23 de abril de 2020

O Jardim de muitas Cores



Por Marcela Prada

Havia muitos canteiros e, em cada um, Juca plantou uma espécie de flor. Quando as sementes brotaram, cada canteiro estava de uma cor. Vermelho o das rosas, branco o das margaridas, amarelo o dos girassóis, azul o das hortênsias e roxo o das petúnias.

As flores eram todas lindas, mas cada canteiro desprezava o outro, apenas por serem diferentes.

As flores olhavam-se e comumente comentavam com as companheiras:

- Que sem graça!

- Não tem perfume!

- Pálida demais!

- Extravagante e exibida!

Quando as flores estavam bem crescidas e desabrochadas, os animaizinhos começaram a visitá-las, atraídos pelas cores, pelo perfume e pelo pólen que elas produziam.

Muitas abelhas, joaninhas, borboletas e beija-flores pousavam de flor em flor. Com isso, o pólen foi sendo levado para todos os lados. E um dia nasceu uma petúnia no canteiro das margaridas.

O roxo da nova flor, entre o branco das outras, chamava muito a atenção, e ela começou a ser maltratada pelas companheiras. No outro canteiro, as petúnias ficavam tristes por verem as margaridas agirem assim.

Mas logo nasceu também uma margarida no canteiro das petúnias, e a situação se inverteu. Todo o canteiro de margaridas ficava com dó de ouvir a flor branquinha ser maltratada pelas flores roxas.

Com o tempo, ocorreu o mesmo com os outros canteiros. Nasceram rosas entre os girassóis, girassóis entre as hortênsias e assim por diante. Os canteiros passaram a ficar todos misturados, com todos os tipos de flores.

Quando Juca viu o que estava acontecendo, pensou em replantar as flores, para que cada canteiro voltasse a ter apenas uma cor.

Mas depois mudou de ideia. Resolveu deixar que elas crescessem misturadas, pois mesmo que ele separasse as flores, o pólen se espalharia de novo.

Juca percebeu que os canteiros também ficavam bonitos assim, bem variados e coloridos.

As flores estranharam bastante no começo. Mas como não tinha outro jeito, tiveram que conviver de perto umas com as outras.

Com o tempo, começaram a ver que as diferenças não eram tão ruins. Pelo contrário, vivendo juntas elas podiam ver quanta coisa nova e interessante as outras flores tinham.

Aprenderam que há muitas maneiras de ser bonita. Há muitos tipos de perfumes, muitas cores e muitas oportunidades de fazer amigos e ser feliz.

Aos poucos, as flores foram tornando-se amigas e passaram a se tratar bem. Muitas vezes se elogiavam assim:

- Que linda sua cor, não me canso de admirá-la!

- Obrigada! Você também é linda, além de gentil! Gosto muito de viver aqui ao seu lado!

- Que perfume gostoso! Eu não tenho perfume, mas tenho sorte de estar ao seu lado para sentir o seu!

- E eu tenho a sorte de ver você, assim maravilhosa, bem pertinho de mim!

As diferenças de cada uma passaram a ser respeitadas e até admiradas. Todos os bichinhos que visitavam aquela praça viam que os canteiros agora tinham muitas cores e, o que é o principal, muita felicidade.

Texto adaptado do livro “De Todas as Cores”, de Nye Ribeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário