sábado, 13 de fevereiro de 2016

O Olhar e o Ver



Um dia, um mestre espiritual enviou o candidato a discípulo à montanha dizendo-lhe:

— Quero que aprendas a escutar a natureza.

Ele foi e, passado algum tempo, voltou para dar contas ao mestre do que tinha percebido. Disse:

— Mestre, ouvi o piar dos pássaros, o latido do cão, o ruído dos relâmpagos.
O mestre disse-lhe:

— Não aceito essa resposta. Volta outra vez para a montanha, pois ainda não estás preparado para ser meu discípulo.

Pela segunda vez, deu contas ao mestre do que tinha percebido.

— Ouvi o ruído das folhas a serem mexidas pelo vento, e o cantar da água do rio em direção ao mar.

O mestre disse novamente:

— Não, ainda não. Volta outra vez para a natureza e escuta-a.

Regressou pela terceira vez e disse:

— Ouvi o palpitar de vida que irradiava o sol, o gemido das folhas ao serem pisadas, o tremor das pétalas ao abrirem-se acariciadas pela luz.

O mestre disse então:

-Agora, sim. És meu discípulo porque escutaste o que não se ouve.


Não é a mesma coisa olhar distraidamente e contemplar. Quem olha superficialmente fica-se em exterioridades. Quem contempla consegue entender a vida e olhar o mundo com novos olhos.


Autor desconhecido

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