sábado, 3 de dezembro de 2011

Nasceu o Menino Jesus


O passeio pelo Egito lhes trouxe experiências incríveis, mas nada seria comparável a surpresa que lhes aguardavam o próximo destino. E no ajuste da hora partiram sem demora, ansiosos demais por vivenciarem uma inesquecível história, provavelmente a que mais marcaria em suas memórias.

Pela primeira vez chegaram ao local planejado ao anoitecer, logo que desceram puderam admirar a abóbada celestial com seus bilhões de estrelas cintilando como se estivessem ali estrategicamente dispostas para lhes receber. Um espetáculo que provocava um indescritível afã de euforia misturada com prazer. Uma estrela de brilho incomum pareceu-lhes ainda mais especial, e nela estava toda a resposta da charada, pois era nada mais e nada menos do que a “Estrela Guia” também conhecida por “Estrela de Natal”.

Em meio aquela linda paisagem, as crianças não imaginavam a importância que teria em suas vidas aquela viagem e Seu principal personagem. Ainda que pudessem contar apenas com o alumiar provindo da luz natural, observaram um pouco distante ainda, uma casinha, que pelo barulho e o movimentar de alguns animais puderam identificar como sendo uma estrebaria. A curiosidade infantil incontida levou-os para aquela direção, um pouco andavam, um pouco corriam, e rapidamente fizeram aproximação. O balir alto de um caprino chamou-lhes mais ainda a atenção e quando arriscaram alguns passos adentro do pequeno estábulo, se assustaram com uma estranha visão. De dentro da penumbra, surgiu um rosto sob um facho de luz bruxuleante, um homem que veio-lhes ao encontro para saber o que havia, apesar de simpático parecia demonstrar um tanto de agonia.

De maneira atenciosa recebeu as crianças e contou que estava ali alojado com sua esposa e que em breve seriam uma família. Era o melhor lugar que conseguira para seu filhinho nascer. A mulher já estava em trabalho de parto e precisaria voltar lá para o interior das instalações para assisti-los e proteger. A moça era Maria, tinha no olhar a candura e a pureza virginal no coração, estava pronta para receber nos braços o fruto bendito daquela abençoada união. Não lhes restara dúvidas que em seu ventre estava uma alma eleita para desempenhar no mundo uma missão de revelação do amor divinal.

O primeiro choro do recém nascido levou as lágrimas de emoção todos os que puderam presenciar aquele momento único, onde pareciam ouvir o coro dos anjos a cobrir aquela sagrada família com uma aura azulínea que os aquecia e envolvia.

Era um menino, uma criança saudável, para os pais a significação da completa felicidade. Jesus, foi lhe escolhido por nome, “O que viera para derramar a Luz da vida, luz que conduzirá aos caminhos da paz e da verdade todos os homens de fé e boa vontade”.

Em nossos ouvidos pareciam que sinos dobravam em melódicas canções, saudando a vinda daquele menino que nos traria tantas e maravilhosas lições. Com o sentimento maior renovado em esperanças, viajaram mais a frente desejando conhecer um pouco mais os desígnios daquela criança. Nazaré, fora a cidade escolhida pelo clã do nosso novo amigo, Sr. José, para a definitiva moradia, uma casinha caiada de branco, simples, encrustrada entre as árvores frondosas e as colinas da Samaria, com típicos ares galileus.

Um lar bem cuidado para quem ali adentrasse se sentisse muito próximo de um pedacinho do céu. Encontramos a mesma Maria, do sorriso doce como o mel, um olhar cheio de ternura, zelando pela harmonia familiar e dedicada aos afazeres maternais do dia a dia. Um José aplicado nos serviços da marcenaria, trabalhando com prazer e excelência que a profissão escolhida lhe exigia. Um pai austero porém piedoso, que retornava ao lar cansado mas tinha sempre um tempo para participar da educação filial e ao cumprimento dos deveres de esposo. Fundado na força do afeto e na clareza dos princípios éticos e morais, professando uma fé judaica, estabelecida pela certeza da existência de um Deus acima de tudo justo e amoroso.

Nosso menino Jesus, era um menino amado e feliz, que sonhava, que brincava, estudava as escrituras e tinha a certeza do amor de um Pai, Divino Criador por todas as Suas Criaturas, e com o respeito e a alegria, um espírito inteligente em um corpinho na fragilidade infantil, crescendo em forças, graça e sabedoria. Subia aos montes para contemplar os horizontes e a natureza, contemplando do Pai eterno a beleza, em notável perfeição, com o servilismo de um jardineiro fiel que deveria plantar no coração dos homens a semente do amor verdadeiro e da compaixão.


Paty Bolonha

Do livro D.Filó Sophia-Inicio, Meio e Fim-Capítulo XIV A mais Bela História que o Tempo Escreveu

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