terça-feira, 3 de agosto de 2021

Jesus e a cura dos dez leprosos - A ingratidão

 

A lepra ou hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo  bacilo de Hansen, que pode afetar o sistema nervoso e a pele, ocasionando manchas esbranquiçadas no corpo. A lepra é transmitida por gotículas de saliva, durante o ato de falar, espirrar, tossir ou beijar. A bactéria causadora da moléstia foi identificada pelo norueguês Armauer Hansen em 1873. Apesar de ser considerada uma doença grave, possui cura se for tratada adequadamente.  Desde 1995, o tratamento é gratuitamente oferecido para os pacientes do mundo todo.

No entanto, antigamente esta doença não tinha cura e era associada ao pecado, à impureza, à desonra. Por falta de um conhecimento específico, a hanseníase era muitas vezes confundida com outras doenças, principalmente as de pele.  Os portadores da lepra eram discriminados e rejeitados pela sociedade. Além disso, por serem considerados impuros, deveriam permanecer em locais isolados da sociedade, onde sofriam na solidão e quase no total abandono.

No trecho do Evangelho de Lucas, vamos encontrar o querido mestre diante de dez leprosos, os portadores antigos do mal de Hansen. Os doentes observavam Jesus de longe, sem coragem de se aproximarem, seguindo as normas sociais da época. Mas o Cristo, cheio de misericórdia, mandou que eles se apresentassem aos sacerdotes para que pudessem ser considerados purificados e se reinserir na sociedade de origem (conforme determinava a lei mosaica). E enquanto se dirigiam para o templo, ficaram curados e se maravilharam disso. Entretanto, dos dez, apenas um retornou para agradecer ao Senhor. Jesus, vendo-o, questionou: não foram dez os curados? Onde estão os outros nove? E sem aguardar resposta, disse: vá, a tua fé te curou.  Dizendo isto, dá a entender que o mesmo não aconteceu aos outros.

Curando indistintamente os judeus e os samaritanos, Jesus dava, ao mesmo tempo, uma lição e um exemplo de tolerância; e fazendo ressaltar que só o samaritano voltara a glorificar a Deus, mostrava que havia nele maior soma de verdadeira fé e de reconhecimento, do que os que se diziam cumpridores fiéis das leis divinas. A fé é filha do amor. Do amor se originam todas as virtudes. A fé é força, e, como tal, é ativa. Ela atrai os fluídos benéficos que promovem a cura.

As doenças com as quais nascemos ou adquirimos ao longo da vida, de um modo geral, com naturais exceções, são convites a uma reflexão, a uma tomada de decisão e, principalmente, a uma mudança de postura da nossa parte. No entanto, nem sempre as pessoas reconhecem esta oportunidade, e quando são curadas, agem com ingratidão, assim como fizeram os demais leprosos.   Embora a intervenção do alto se dê indistintamente, poucos são aqueles que conseguem a cura real e aproveitam as divinas concessões para purificar a alma nos caminhos da vida. Poucos são os que conseguem se libertar da enfermidade, pois para que a cura total se realize é necessário a melhoria moral do indivíduo; é preciso eliminar o orgulho e o egoísmo, que são a fonte de todos os males.

A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. A falta de gratidão pelos benefícios que recebeu, apresenta-se como grave imperfeição da alma, que deve ser corrigida. O ingrato, por considerar-se autossuficiente, pensa que consegue fazer tudo sozinho. Entretanto, o homem necessita do próximo desde que vê a luz do mundo até o último instante de sua existência. Ao nascer, se fosse abandonado, sucumbiria. Para tornar-se adulto, precisa também da ajuda dos outros, pois, sozinho, jamais poderia desenvolver suas qualidades. Apesar disso, são raros os que já aprenderam a ser gratos àqueles que, de uma forma ou de outra, os ajudam a realizar-se.

Todas as noites, ao elevarmos o pensamento ao nosso pai celestial, deveríamos recordar em nosso íntimo os favores que Ele nos fez durante o dia e agradecer-lhos.   A gratidão não custa nada e possui um imenso valor. Entretanto, poucos são os que sabem agradecer pela ternura de nossa mãe; pelo carinho do irmão; pela devoção do mestre; pela generosidade do amigo; pela paciência do médico; pela tolerância do enfermeiro; pela cura que vem do Senhor. E, ainda mais raros são aqueles que agradecem pela bênção da reencarnação, que nos ajuda a esquecer o mal e replantar o bem, considerando que todos nós somos espíritos endividados perante a lei divina.

Muitas são as almas reconhecidas, mas poucas são as que têm gratidão. A gratidão grava a ideia do bem e mantém, pelo autor do benefício, vivo o sentimento de carinho. Ela nos conduz ao amor e nos eleva a Deus. O reconhecimento lembra a ideia do benefício; nele só age o interesse. Dos dez leprosos curados, só um voltou a dar graças ao Senhor.

Ai daquele que é ingrato: será punido com a ingratidão e o abandono; sofrerá o que houver feito aos outros, algumas vezes já na existência atual, mas com certeza noutra vida. Apesar disso, devemos sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que não serão agradecidos.  O bem, feito desinteressadamente, é o único agradável a Deus. O reconhecimento que devemos buscar é o da própria consciência. Não importa a ingratidão dos outros. Os teus beneficiários que te abandonaram, esqueceram ou se voltaram contra ti, aprende­rão com a vida e compreenderão, mais tarde, o que fizeram. Se Deus permite, por vezes, que sejam pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem.

Fonte: Evangelização Passatempo Espírita

 

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